Dormia para fugir, mas tinha medo do seu subconsciente. A realidade de seus pensamentos, porém, era pior. Às vezes a vida parecia memso um pesadelo.
Tinha ciência da vida que lhe era tirada a cada minuto, que eventualmente levaria à morte, da liberdade que lhe era tomada, para sempre acorrentada estaria àquele vício doentio. Dor, mágoa, sensação de perda do controle, controle esse que ela sempre tivera e agora, de súbito, desaparecia a sua frente, para nunca mais.
Sentia seu sangue fresco correndo pelas veias, desejava unhas lhe arranhando as costas, nenhuma dor seria pior do que aquela que estava sentindo, o desespero que esgasgava cortava como o vento frio lá fora. E sempre era tudo tão frio, agora que ele fora embora.
Jogada ao chão, em meio a lágrimas e sonhos quebrados como espelhos, não podia acreditar no que a realidade trazia à tona, no que suas pupilas cansadas constatavam. Ele prometera ficar, ajudá-la. Agora, a necessidade de ter uma mão para segurar, o segredo que a ele confessara, tudo perdido. Era, de fato, seu fim.
She's lost control again.
terça-feira, 31 de agosto de 2010
Tortos
Vejo em nós, meu amor, a metáfora da paixão em papel e tinta. Como se não bastasse seu cheiro, ou as besteiras que inventamos, ou ainda comentários ao pé do ouvido, temos algo que é somente nossa, que construímos juntos.
Nosso amor é um coração desenhado. Nosso amor é um coração torto. Você me ensinou a ter coragem pra segurar sua mão esquerda, eu te ensinei a desenhar um coração. Nosso desenho saiu torto como o amor.
Veja bem, querido, não há amor perfeito, não há paixão sem obstáculos. Sei que, assim como eu, conhece todos os nossos defeitos, sabe de nossas dificuldades. Mesmo assim, uma vez a cada 7 sofridos dias (qualquer minuto sem seu calor já parece infinito), vem até mim com beijos e com o conforto de sua presença. Me coloca no colo enquanto desenhamos nosso amor, mais um dia, mais e mais felicidade por ter você do meu lado.
Hoje, eu te amo mais do que mil corações tortos.
Nosso amor é um coração desenhado. Nosso amor é um coração torto. Você me ensinou a ter coragem pra segurar sua mão esquerda, eu te ensinei a desenhar um coração. Nosso desenho saiu torto como o amor.
Veja bem, querido, não há amor perfeito, não há paixão sem obstáculos. Sei que, assim como eu, conhece todos os nossos defeitos, sabe de nossas dificuldades. Mesmo assim, uma vez a cada 7 sofridos dias (qualquer minuto sem seu calor já parece infinito), vem até mim com beijos e com o conforto de sua presença. Me coloca no colo enquanto desenhamos nosso amor, mais um dia, mais e mais felicidade por ter você do meu lado.
Hoje, eu te amo mais do que mil corações tortos.
segunda-feira, 5 de julho de 2010
take me out tonight
- Você está pronta?
- Estou.
- Trouxe tudo?
- O que é tudo? Trouxe roupas, comida, dinheiro e sonhos. Vamos logo, vamos pegar esse ônibus.
- Amor...
- Fale, querido.
- Você está certa disso? Quer dizer, é uma decisão difícil, uma vez que dermos um passo em frente, não tem mais volta. Só espero que eu seja o suficiente para instalar a felicidade em nós dois, onde estivermos.
- Eu sempre te disse que esse dia chegaria. Há tempos me preparo pra nossos passos em direção à liberdade, não me faça pensar duas vezes, sinto em meu coração que estou certa.
- Segura minha mão. Vamos embora, por todas as horas de ônibus que eu enfrentei para te encontrar, por todos os dias que esperei o fim da semana chegar, por todas as vezes que desejei te fazer dormir em meus braços.
- Pelo cordão que carrego com nossas letras adornando meu dorso, pelas vezes que cantei nossa tão amada música e chorei, jogada ao chão do quarto. Por todos os personagens que criei, como pseudônimos do nosso amor. Por nós.
- Eu te amo.
- Eu te amo cada dia mais.
- Trouxe papel e caneta?
- Eu te disse que estou preparada!
Beijou-a. Seguiram em frente, na escuridão da madrugada, na incerteza da fuga, no conforto de estarem juntos.
but there is a light that never goes out
sábado, 22 de maio de 2010
epifania
é preciso descobrir que a vida não é feita de felicidade. só assim pode-se aproveitar as pequenas coisas que todas as pessoas e situações imperfeitas nos proporcionam, criando, dessa maneira, uma esperança dentro de cada indivíduo, tornando-nos imensamente felizes.
segunda-feira, 17 de maio de 2010
sobre o dia que você se foi
Deixei minha cabeça escorregar até o lugar onde seu peito deveria estar. Só o pensamento era suficiente, a memória que mantinha minha cama quente, que me fazia sentir o cheiro dos seus cabelos no travesseiro vazio.
Como de costume, não tinha sono. Sentei na beira da cama que era grande demais para dormir sozinha. sentia sua falta, e isso machucava dentro de mim, onde eu estava mais solitária do que nunca. Levantei-me e mais uma vez olhei para trás. Como já era de se esperar, você não estava lá.
Arrastei-me até a cozinha, onde encontrei, largada em uma gaveta ao fundo da geladeira, meia garrafa de uma vodca qualquer, o suficiente para me fazer esquecer da noite, para tentar aquecer meu corpo quase morto. Misturei com um resto de suco de limão e bebi um grade gole, que desceu pela minha garganta me queimando. Sabendo que merecia castigo cruel por ter te deixado ir embora, deixei que a bebida queimasse mais e mais minha garganta que só conseguia proferir seu nome.
Passei pelo corredor de nossa casa (que agora era minha, mas parecia sempre tão sua que eu poderia ver sua sombra passear pelas paredes) em movimentos de uma dança sombria. A embriaguez não deixava eu te esquecer, pelo contrário, só fazia eu me sentir mais vazia e incompleta. Na sala, vi que havia deixado apenas dois discos para mim. Bebi mais um grande gole, uma lágrima fugiu pelos meus lhos cerrados, escorrendo pelo meu rosto, chegando a meus lábios que encaixavam perfeitamente nos seus. Bêbada, ainda consegui operar o toca-discos, onde coloquei o primeiro sem nem olhar o que era.
Arrastei-me até a cozinha, onde encontrei, largada em uma gaveta ao fundo da geladeira, meia garrafa de uma vodca qualquer, o suficiente para me fazer esquecer da noite, para tentar aquecer meu corpo quase morto. Misturei com um resto de suco de limão e bebi um grade gole, que desceu pela minha garganta me queimando. Sabendo que merecia castigo cruel por ter te deixado ir embora, deixei que a bebida queimasse mais e mais minha garganta que só conseguia proferir seu nome.
Passei pelo corredor de nossa casa (que agora era minha, mas parecia sempre tão sua que eu poderia ver sua sombra passear pelas paredes) em movimentos de uma dança sombria. A embriaguez não deixava eu te esquecer, pelo contrário, só fazia eu me sentir mais vazia e incompleta. Na sala, vi que havia deixado apenas dois discos para mim. Bebi mais um grande gole, uma lágrima fugiu pelos meus lhos cerrados, escorrendo pelo meu rosto, chegando a meus lábios que encaixavam perfeitamente nos seus. Bêbada, ainda consegui operar o toca-discos, onde coloquei o primeiro sem nem olhar o que era.
Não, os discos ali deixados não eram à toa, eram profundas punições que me faziam sofrer ainda mais. Sentia o calor das lágrimas que rolavam enquanto Morrissey cantava que "morrer ao seu lado era um jeito paradisíaco de se morrer". Eu repetia as palavras que ele cantava naquela música que tantas vezes cantamos juntos, mas agora parecia apenas triste.
Terminei de beber o copo e a tontura mal me deixava andar. Com dificuldade, me locomovi mais uma vez até a sala e coloquei o segundo disco para tocar e servir de plano de fundo para meu circo de horrores. Robert Smith cantava, sombrio, enquanto eu corria para a varanda, gritando, te perguntando por que havia me feito aquilo, por que havia deixado aqueles discos, por que havia me deixado.
yesterday i've got so old, it felt like i could die
A varanda parecia diminuir a cada passo que eu dava em direção ao seu fim, ao meu fim. Sem você, ao meu lado, não havia motivo para continuar respirando. Sentia sua presença, me observando. Em passos tortos, ia te desafiando aos poucos, chegando perto do parapeito enquanto o desespero chegava com o vento que batia em meus cabelos. Estava frio, um frio que me cortava, mas que não chegava a doer tanto quanto as batidas surdas do meu coração. Eu suava frio, havia perdido a noção de profundidade por conta da bebida. Fechei os olhos e senti o toque final.
Me jogou para trás com uma força que eu não julgava existente. Te sentia ali, e puxando para dentro de mim mesma, como se quisesse me tirar da embriaguez na qual eu me afundava mais a cada minuto. Jogada no chão, me contorcia ao constatar outra vez que você não estava lá. Nunca esteve, passei a noite sozinha, entre lágrimas e soluços, e você não havia me puxado da morte súbita. Castigo maior era continuar viva, escutando aquela música, sem você. Cantei, pois não havia mas nada para fazer, pois não tinha forças para me jogar daquela varanda.
come back, come back, don't walk away, come back, come back, come back today. come back, come back, why can't you see? come back, come back, come back to me.
quarta-feira, 14 de abril de 2010
Sufocada
Por que eu não consigo respirar? Uma onda de desespero enche meus olhos enquanto sinto essa estranha sensação. Parece que meu peito já está tão cheio com as batidas surdas do meu coração que é impossível encher os pulmões do oxigênio que me faz viver.
Perco-me completamente em meu pensamento, controlada por uma mente que não consegue raciocinar direito, tentando entender coisas que possivelmente nem existem.
Você fala e eu entendo cada palavra, cada ponto final. Busco absorver cada movimento, cada vez que você me olha e diz que não consegue respirar também. Me encontro consumida pelo amor que você transmite, pela vida que sonho em dividir contigo. Acordo todas as manhãs e te procuro na minha cama, mesmo sabendo que você não dormiu lá.
Tropeço em meu sorriso a cada vez que me chama de "linda" ou faz carinho no meu cabelo e diz ter orgulho de mim. Todo novo dia é um novo motivo para mostrar a você que estou do seu lado, mesmo que muitas vezes metaforcamente, mostrar que passaria noites em calro e deixaria meu corpo inteiro completo com esse sentimento, tudo por você, pela sua risada, pelo seu amor.
Cantaria músicas e escreveria textos sobre o calor do seu colo e o cheiro que você tem. Se eu pudesse parar o tempo, seria capaz de morrer sentada em cima da sua barriga, usando sua camiseta do Joy Division. Mas o amor nos separa e nos separará mais mil outras vezes, meu querido, é nossa triste sina.
Enquanto isso, ouço sua voz do outro lado do telefone. Você segura meu coração, que bate tão forte no meu peito que me sufoca inteiramente, e eu não consigo respirar.
Sobre Paixão e Panquecas
Ele deitado no chão, sem blusa, calças amassadas. Ela sentada em cima dele, blusa do mesmo, sem calças. Conversavam sobre o mundo e sobre filosofia, discutiam o sentido dos sentimentos e interpretavam algumas músicas dos Beatles.
Pequenas luzes ligadas e o barulho do ar condicionado ecoando. Copos de vinho e duas ou três garrafas jogadas de lado. Um cheiro doce invadia cada canto do quarto, deixando-os completamente entorpecidos.
Ela deitou sobre suas pernas e pergutou se ele podia fazer panquecas com morangos cedo pela manhã. Respondeu que sim, qualquer coisa para que ela fosse feliz ao seu lado. Rindo, ela respondeu que já era muito feliz, mas que queria panquecas.
Enquanto ele brincava com os dedos dos pés que se encontravam repousando em sue peito, ela ria e cantava uma canção bonita. De súbito, a garota levantou e começou a dançar ao som da música que tocava em sua mente
O garoto, então, fez um comentário sobre como a blusa dele combinava com a calcinha que ela usava e como suas finas pernas faziam um belo conjunto com seu cabelo cacheado. Ela fingiu não ouvir, o que fez com que ele se levantasse e empurrasse-a contra a parede.
Ela se debatia, rindo, enquanto ele dizia coisas sobre ela pertencer a ele, sobre o quanto a amava. Ela apenas ria, enquanto ele tirava sua blusa e a mandava ficar quieta, e ela obedecia feliz. Muito feliz.
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